terça-feira, 12 de julho de 2022

E você?



Fiz esta foto há alguns anos, creio que em 2018. De lá para cá, esta tormentosa frase parece fazer cada vez mais sentido (faria sentido isso?). As notícias não têm dado trégua e nos desafiam cada vez mais, principalmente no quesito saúde mental. Confesso que tenho dificuldade para acompanhar tanta coisa ruim acontecendo, há momentos em que é preciso se afastar para não ser atingido pelo trem bala digital, essa avalanche de informações negativas que recebemos a toda hora, a cada minuto. 

Lutar é preciso, como se diz, mas reconhecer os limites também, bem assim se estamos aptos para o enfrentamento. Sempre reconheci os benefícios do mundo digital e como nossas vidas foram, em alguns parâmetros, facilitadas pelo avanço tecnológico, mas é preciso ter a exata noção de que em tantos outros círculos a convivência com o mundo externo e com nosso "eu" também piorou, e muito. A chuva torrencial de informações, verdadeiras e falsas, com as quais não conseguimos lidar de modo satisfatório, a decadência, em geral, da cultura, cada vez mais superficial, a ascensão meteórica dos chamados "influencers", muitos sem bagagem suficiente para ter o que repassar aos outros, a não ser sua opinião momentânea, sua ostentação, sua trivialidade diante do complexo, seus corpos... 

De outro lado, a política do incentivo ao ódio ao seres diferentes do que pensam certos grupos extremistas, que não suportam conviver com a diversidade, justo esta que nos faz ser tão humanos. Não aprenderam a transformar sua arrogância em empatia, e nunca aprenderão, pois agem como integrantes de uma manada desgovernada. Falta-lhes discernimento crítico e conhecimento de história suficientes para compreender que não se induz a divisão da sociedade entre bons e maus, notadamente por julgamentos morais, como se todos quisessem viver sob as amarras de algum líder, religião, credo ou seita. Não! 

A arrogância infantil (não da criança, mas da imaturidade de muitos) deve ser transformada em empatia, como dito. E para isso, basta refletir um pouco: o que te faz pensar que você seria melhor que a outra pessoa à sua frente, qualquer que seja ela? Ou, então: o que te faz pensar que a outra pessoa também não está certa em achar que ela tem razão em seus pensamentos? 

Convido o leitor (a leitora) a fazer uma pausa antes de prosseguir a leitura... pense a respeito, na sua história de vida e na do outro, nas oportunidades que tiveram, sobretudo no mundo de informações que você desconhece a respeito do outro. Responda a si mesmo. 

Ok. Quando nos damos conta disso, a arrogância - aquele sentimento de superioridade, de estar certo em tudo e de ser dono de muitas verdades - cede na hora, pois não resiste ao primeiro confronto honesto intelectualmente. É evidente que estou falando de temas que comportam interpretações distintas, não de alguém que esteja querendo me convencer de que, na matemática, um mais um resulta em qualquer coisa diferente de dois (os piadistas dirão 11). Isso porque há valores, inclusive nas áreas não exatas, que são humanos e inegociáveis, como a vida, a integridade física, a dignidade das pessoas, o direito a buscar a felicidade, a uma boa vida etc. 

E é exatamente neste contexto - em que estamos caminhando muito rapidamente em direção ao caos - que não estou sabendo existir. E você?      

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